quinta-feira, 29 de março de 2012

Candeeiro em Bemposta


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Discretamente presente no meu último post, o candeeiro da imagem tem hoje lugar de destaque.
Curiosamente os amaldiçoados fios elétricos, a quem tantas vezes ruguei pragas, não ficam mal nesta fotografia!
Rafael Carvalho / mar2012.

domingo, 25 de março de 2012

Tosco reboco em Bemposta



 Fotos: Bemposta - Mogadouro
A simplicidade na arquitetura vernácula sempre me comoveu. Este sentimento aplica-se ao edifício da imagem.
No exemplar ora exposto também me encanta a variedade de materiais que formam a sua pele: pedra, barro, madeira, reboco a cal.
Quanto ao tosco reboco, belas são as texturas que ele imprime. Sob um intenso azul celeste, a velha casa sorri.
Rafael Carvalho / mar2012

quinta-feira, 22 de março de 2012

Telhas de cano em Bemposta

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Por terras de Bemposta, nas construções antigas, ainda se vão vendo as velhas telhas de cano.
Existem zonas do país, como na região saloia em torno de Lisboa, onde as telhas de cano eram assentes com argamassa. No Norte, Trás-os-Montes não é exceção e Bemposta muito menos, as telhas de cano eram simplesmente assentes umas sobre as outras. O pior podia acontecer em dias de vento, daí o costume de sobrepor pedras nos cumes e beirais, coisa que plagiei no telheiro que em minha casa construí.
Rafael Carvalho / mar2012


sexta-feira, 16 de março de 2012

Uma casa - uma única porta, em Bemposta


Foto: Bemposta / Mogadouro
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Habitante do Alto-Douro no seu curso médio, há muito ansiava conhecer a montante um pouco melhor a região de Miranda e Bemposta. Fi-lo durante um fim-de-semana no verão passado. Este ano vou lá voltar. As referências são para mim muitas – os meus sogros por lá iniciaram a vida.
A modesta casa da imagem encontrei-a na parte alta de Bemposta. A precisar que lhe lavem a cara, achei-a contudo curiosa. Como cobertura possui apenas uma única água. Como vão uma única porta. Sorte teve o gato que não foi esquecido – cliquem na imagem para a ampliar, olhem bem para a entrada e adivinhem porquê. O contraste entre o tosco reboco e a alvenaria de pedra circundante ajuda ao enquadramento. A fraga à esquerda ajuda a preservar a identidade do local.
Comentava uma velha senhora, orgulhosa da sua terra, que Bemposta evoluiu muito nos últimos anos. A proliferação de habitações novas na periferia seria a prova de tal afirmação.
Na continuação da conversa não lhe disse o que me ia na alma: O abandono do centro histórico promovido pela construção de novas habitações, sem alma e de gosto duvidoso, descontextualizadas e desenraizadas constitui para mim um nítido retrocesso.
Rafael Carvalho / mar2012

quarta-feira, 14 de março de 2012

sábado, 10 de março de 2012

Velha casa em Capela -simplicidade, beleza e robustez


Foto: Capela - Penafiel
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Refere-se a imagem a uma casa localizada em Capela, concelho de Penafiel.
Simplicidade, beleza e robustez, coisas cada vez mais raras, omnipresentes contudo ao longo de séculos na nossa arquitetura vernácula.
A robustez advém-lhe não só da pedra que a ergueu mas também da proporção dos vãos que a abrem ao exterior. A porta carral visível na imagem certamente rompe para um pátio interior. Verdadeira fortaleza, autêntica casa-bloco, características presentes nas velhas construções dos concelhos de Penafiel e Paredes. O azul das portadas é um mimo. Não coincidente na cor, lembra-me contudo os olhos da rapariga iraniana estampada na capa da National geographic.
Casa com alma sem elementos dissonantes visíveis, que bem ficaria reconstruída…
Rafael Carvalho / mar2012

quarta-feira, 7 de março de 2012

"Casas de Portugal" nº 108


Já está nas bancas a revista "Casas de Portugal" nº 108 - Março a Abril de 2012.
Refere-se o tema da capa à Aldeia da Mata Pequena, pequeno povoado saloio localizado próximo de Mafra.

As últimas duas imagens foram obtidas aqui.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Lazarim, ainda…

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Tabiques, ardósias, rebocos a cal, madeiras, chapas garridamente pintadas, varandas suspensas, pedra e muita pedra ...
… palavras introdutórias ao meu blogue. Acrescento ruralidade, tradição, autenticidade.
Num mundo globalizado, obcecado pela niveladora padronização, tudo isto e muito mais ainda sobrevive em Lazarim, terra de caretos.
A arquitetura vernácula local, de habitação ou produção, é rica e diversificada nos materiais que usa, criando texturas únicas. A ruralidade está estampada nos espigueiros que por aqui ainda vão sobrevivendo. A água escorre pelos ribeiros e lameiros, criando uma atmosfera ímpar. A verdadeira explosão de tradição e autenticidade acontece no Carnaval – caretos a percorrerem os estreitos becos, testamentos, compadres e comadres entre caldos de farinha, feijoada e vinho.
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Apenas que nasci,
Ouvi minha mãe dizer:
Ó que triste sorte a minha,
Que pelém me foi nascer!
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Na semana dos compadres,
Ó que semana maldita!
Já não tinha que me dar
Deram-me tripas de pita.
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Vou começar no padrão
Escutai o que vos digo!
Há lá tanto solteirão
Que até parece castigo.
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O testamento é do padrão,
Vai ser um de verdade!
É o menino Manel,
Que é o mais velho da mocidade.
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A este menino,
Que lhe havemos de dizer.
Deixamos-lhe a dentadura do burro
Que a dele está a apodrecer.
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O defeito que tu tens,
São essas tuas cantigas.
Ligas mais aos rapazes
Que às raparigas.
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Excerto do Testamento da Comadre do ano de 1973